quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tarefa FINAL do 3º Ano_ Sociologia

Faça uma dissertação do artigo abaixo ressaltando seus aspectos positivos e negativos no âmbito social em nosso atual momento histórico.

O artigo abaixo foi escrito pelo excelente jornalista Marco Antonio Araujo (vulgo O Provocador). Pela sintética análise crítica e didática, penso ser um belo texto FILOSÓFICO. Filosofemos! E, então, a transformação será a mudança perene...

Está se tornando mania câmeras nas salas de aula de escolas particulares. Tem muita gente que gosta da ideia. Tanto que os protestos têm sido bem tímidos. Azar. É profundamente doentio submeter jovens e crianças a esse monitoramento contínuo. Transformar a vida escolar num reality show enfadonho é o anúncio de que fomos derrotados enquanto civilização.
Os supostos benefícios dessa invasão são tão medíocres que nem merecem consideração. Segurança? Disciplina? Esses pedagogos enlouqueceram e não querem dar a mão à palmatória. Saber que cada movimento nosso está sendo gravado é aterrorizante. Ainda mais quando estamos em formação. Não haverá espaço para o erro, a rebeldia, o ócio e tudo aquilo de que podemos nos envergonhar ou nos arrepender.
Viver de verdade passaria a ser gerar provas contra si mesmo. Que tipo de ser humano sairá dessa experiência persecutória? Imagino um adulto tenso, recalcado, paranoico, que jamais teve intervalos para relaxar. Uma hora acaba explodindo. Ou implodindo, tanto faz. Muito de nossa personalidade mais íntima é forjada acintosa ou silenciosamente em locais públicos. É no convívio e no confronto com as adversidades que descobrimos do somos feitos.
Se soubermos que estamos sendo vigiados o tempo todo, jamais saberemos o que é agir naturalmente. Mesmo diante de testemunhas.Logo mais, a privacidade ficará restrita a banheiros, quartos de motel e nada mais. Não quero ver esse filme. O final é ruim.O que consola é saber que nas escolas públicas, principalmente naquelas bem barra pesada, esses trecos seriam vandalizados no primeiro dia. E enfim a barbárie teria alguma razão.

Sugiro, ainda, mais do mesmo para se pensar o de SEMPRE:

domingo, 2 de setembro de 2012

3º BIMESTRE_ Análise de CURTAS

C@ros Alunos, 

a partir do filme O Paradoxo do Passarinho (http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_paradoxo_do_passarinho), compare e discorra (com) sobre a idéia Moderna de LIBERDADE presente no artigo do filósofo SLAVOJ ZIZEK (http://boitempoeditorial.wordpress.com/2011/10/11/a-tinta-vermelha-discurso-de-slavoj-zizek-aos-manifestantes-do-movimento-occupy-wall-street/)...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Vale a pena pagar para ver TV?_ 2º BIM. III

Hoje quem paga para ver TV no Brasil paga caro. Pesquisa realizada pela Ancine (Agência Nacional de Cinema) constatou que os brasileiros desembolsam muito mais pelo serviço de TV por assinatura do que os consumidores de outros seis países latinos: Portugal, Espanha, Chile, Argentina, Peru e Equador.


Houve tempo em que identificávamos os canais de TV pelos números. “O programa passou no 4 ou no 7? Ou será que foi no 2”. Não era assim? Os canais iam do 2 ao 13 que, com os intervalos entre um e outro, somavam sete nas grandes cidades. Ninguém, àquela altura, poderia imaginar que existiriam um dia canais 127 ou 519. Ainda por cima pagos. 

Hoje pagar para ver TV não é mais novidade. Até fevereiro deste ano mais de 13 milhões de brasileiros já faziam isso, número que deve dobrar em cinco anos. 

Melhor distribuição de renda e uma possível, mas ainda não confirmada redução no preço dos pacotes oferecidos, podem explicar esse crescimento.

Hoje quem paga para ver TV no Brasil paga caro. Pesquisa realizada pela Ancine (Agência Nacional de Cinema) constatou que os brasileiros desembolsam muito mais pelo serviço de TV por assinatura do que os consumidores de outros seis países latinos: Portugal, Espanha, Chile, Argentina, Peru e Equador. 

O preço máximo de um canal de TV paga no Brasil era de R$ 3,74 no final de fevereiro, duzentos por cento mais caro do que o valor máximo cobrado na Espanha (R$ 1,83). O preço mínimo de um canal no Brasil é de R$ 1,74. No Peru de 56 centavos de Real.

Na Argentina, o pacote da DirecTV com 97 canais custa R$ 83,52 mensais, enquanto o da Tvfuego, com 74 canais, R$ 65,10. No começo de março a Net cobrava no Rio de Janeiro R$ 69,90 por um pacote de 30 canais e a Sky R$ 74,90 por 40 canais.

Mas não só isso que os brasileiros pagam. O serviço é cobrado duas vezes já que além do pagamento mensal, os assinantes são obrigados a ver muita propaganda, paga pelo telespectador e embutida nos preços dos produtos ou serviços anunciados. 

Durante anos o mercado da TV por assinatura no Brasil foi ocupado por um duopólio: a Net no cabo e a Sky via satélite. Dividiram um bolo publicitário em expansão que, segundo a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) cresceu 20% nos dois últimos anos passando de 1 bilhão em 2010 para R$ 1,2 bilhão em 2011.

À essa receita, juntam-se além da assinatura paga pelo telespectador, os valores cobrados de canais religiosos e de vendas para serem incluídos nos pacotes das operadoras. 

Tanto dinheiro não corresponde à qualidade do serviço oferecido. 

Assinantes queixam-se da repetição constante dos filmes exibidos, do tempo destinado aos anúncios, dos canais incluídos nos pacotes e que não lhes interessam, para não falar da cobrança extra (o “pay-per-view”) exigida pela exibição de determinados jogos de futebol. 

Pesquisas confirmam essa insatisfação. Até o ano passado as emissoras com maior audiência na TV paga eram aquelas com sinal aberto: Globo, vista por 37% dos assinantes, Record (11%), SBT (6,4%) e Bandeirantes (3,7%). Só no quinto lugar aparecia uma TV fechada, a Discovery Kids, com 3,1%, seguida da SportTV com 2,6%.

Como se vê, não são as programações exclusivas da TV paga que levam muita gente a ter televisão por assinatura. A razão está na qualidade do sinal oferecido, livre de chuviscos e interferências comuns em regiões montanhosas e nos grandes centros urbanos, cada vez mais ocupados por altos edifícios. Para grande parte do público, a TV por assinatura serve apenas para substituir a antena convencional.

Com a nova lei da TV paga o conteúdo tende a melhorar um pouco já que os canais deverão reservar um espaço, ainda pequeno, para produções nacionais. Elas substituirão parte dos velhos e repetidos enlatados impostos pelas operadoras ao púbico.

Mas, por outro lado, consolidará uma da práticas mais criticadas pelos assinantes: a veiculação de publicidade, estabelecida agora em um limite de até 25% do total da programação. Com isso o pagamento duplo torna-se lei.

Distorção a ser corrigida por um novo marco regulatório para a comunicação, há tanto tempo esperado no Brasil, capaz de garantir também ao consumidor o direito de montar o pacote de canais que lhe interessa, livrando-o das programações impostas arbitrariamente pelas operadoras.

(*) Artigo publicado originalmente na Revista do Brasil, edição de maio/2012.
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.




ATIVIDADE_ ASSOCIE a charge com o texto e discorra sobre a nossa qualidade televisiva e midiática em geral.

Os direitos civis_ 2º BIM.II

Renato Cancian* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação


A cidadania moderna refere-se ao conjunto de direitos e deveres dos cidadãos que pertencem a uma nação, ou seja, o povo de um país. O núcleo dessa cidadania compõe-se basicamente de três elementos: o civil, o político e o social.

O aparecimento e a extensão dos direitos de cidadania ocorreram de forma lenta e gradual, variando bastante conforme a região.

Os direitos civis agrupam as prerrogativas de liberdade individual, liberdade de palavra, pensamento e fé, liberdade de ir e vir, o direito à propriedade, o direito de contrair contratos válidos e o direito à justiça. Os tribunais são as instituições públicas por excelência para salvaguarda dos direitos civis.

Iguais perante a lei

 

Antes da constituição da cidadania moderna, os direitos e deveres entre os homens eram definidos por privilégios sociais (posses, rendas, títulos de nobreza).

O surgimento dos direitos civis assinalou uma mudança substancial nas relações dos homens em sociedade. Foram rompidos os laços de dominação baseados nas relações comunitárias tradicionais, caracteristicos do período medieval e do sistema feudal.

Os direitos civis impuseram um nivelamento jurídico entre os cidadãos, que passaram a ser considerados iguais perante a lei. As distinções de origem e classe social continuam a existir, mas não devem interferir na igualdade jurídica dos cidadãos. Esse é o princípio básico de tais direitos.

O contrato social

 

O surgimento dos direitos civis está vinculado às revoluções burguesas na Europa do século 18. Elas tiraram a força das monarquias absolutistas e romperam com a sociedade hierarquizada do período pré-moderno. No absolutismo monárquico, a autoridade política (o rei) detinha o poder com base em privilégios sociais (nobreza hereditária).

Os filósofos do liberalismo político foram os autores das doutrinas contratualistas. Também denominadas "contrato social", elas fundamentaram no plano ideológico a nascente igualdade formal nas relações entre os cidadãos. Os mais influentes filósofos contratualistas foram o inglês John Lockee o francês Jean-Jacques Rousseau.

No Brasil, o primeiro avanço registrado na área dos direitos civis foi a abolição da escravidão (1888). A primeira Constituição republicana (1891) assegurou a igualdade legal entre os cidadãos brasileiros. Garantiu as liberdades de crença, de associação e reunião, além do habeas corpus, para remediar qualquer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder.
*Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais. É autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política - 1972-1985".

ATIVIDADE_ Demonstre ao menos DUAS discrepâncias entre a LEI e a PRÁTICA da lei presentes em nossa sociedade. Elabore uma forma de saída desse estado de desigualdade "legal".

Poder de regulação da sociedade_ 2º BIM. I

Renato Cancian*_Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação


O conceito de controle social tem origem na sociologia americana da segunda década do século 20. Controle social pode ser concebido como um conjunto heterogêneo de recursos materiais e simbólicosdisponíveis em uma sociedade para assegurar que os indivíduos se comportem de maneira previsível e de acordo com as regras e preceitos vigentes. 
É possível identificar uma similaridade entre o conceito de controle social e alguns atributos do conceito de dominação, elaborado pelo cientista social alemão Max Weber. 
Para entender melhor o conceito de controle social, basta pensar no quanto os recursos materiais, disponíveis na vida social, estão associados com os mecanismos institucionais, sobretudo as leis, que sancionam a conduta do indivíduo em sociedade e punem o desvio. E, também, no quanto os recursos simbólicos estão associados à esfera da cultura, que integra diversos mecanismos de socialização e aprendizagem que, quando bem-sucedidos, oferecem condições para as pessoas se comportarem de acordo com os valores coletivos, morais e éticos, prevalecentes na sociedade. 
A partir desses pressupostos conceituais, a sociologia americana desenvolveu os primeiros estudos tendo como objeto de pesquisa os fenômenos da criminalidade em geral e da delinqüência juvenil (que são considerados desvios), bem como o fenômeno da assimilação de valores culturais pelos imigrantes e pelas minorias étnicas. 

O fenômeno da interdependência social

 

A partir da década de 1940, porém, a sociologia americana agregou ao conceito de controle social elementos associados com o fenômeno da interdependência social. 
A interdependência social pode ser entendida como uma série de vínculos de reciprocidade firmados entre os indivíduos que integram a sociedade. A natureza desses vínculos envolve princípios subjetivamente apreendidos pelos indivíduos, que agem em conformidade com as regras de conduta, reconhecendo-as como vantajosas para o desenvolvimento individual e social. 
Desse modo, o controle social deixou de ser redutível a estímulos externos associados com a violência física (com base na aplicação das leis sancionadas) e com a coerção moral. Para ser eficaz e duradouro, portanto, o controle social exercido sobre os indivíduos que integram uma coletividade não pode ser apenas externo. 
O fenômeno da interdependência social aponta para existência de relações sociais "recíprocas", firmadas com base na percepção objetiva que os indivíduos têm de integrarem um mesmo sistema social e se reconhecerem como dependentes entre si.
O fenômeno da interdependência social tem similaridade com alguns modelos sociológicos elaborados pelo cientista social francês Émile Durkheim. 
Sob esse aspecto, o conceito durkeimiano de "solidariedade social" tem muitos elementos em comum com o fenômeno da interdependência social. As relações de mercado, por exemplo - ou seja, as relações de troca que são a base de um sistema econômico -, certamente representaram o objeto de investigação sociológica mais importante para a identificação do fenômeno da interdependência social. 

Coesão social e desvio

 

A partir das considerações precedentes, fica demonstrado que o controle social desempenha um importante papel na sociedade ao assegurar a coesão social. 
Evidentemente, por razões as mais variadas, podem ocorrer crises que afetem o completo e contínuo desempenho do controle social. Quando o comportamento desviante aumenta ou se torna preponderante é sinal de que alguns dos elementos constitutivos do controle social não estão funcionando de acordo com o esperado. 
Não obstante, a sociologia contemporânea tem fornecido inúmeras indicações de que o controle social, embora seja permanente e necessariamente contínuo, nunca é total. Em outras palavras, o controle social é sempre limitado, porque uma sociedade não dispõe de mecanismos de controle capazes de atuar com a mesma intensidade - e nem mesmo capazes de abarcar todos os domínios da vida social.
Nenhuma comunidade dispõe de sanções sociais que assegurem a não-violação da totalidade das normas de conduta. Alguns domínios da vida social são, porém, mais críticos e sensíveis ao desvio, como, por exemplo, o da segurança social. Nesse caso, o controle social cumpre, primeiramente, a função de desestimular os comportamentos desviantes (existência das normas e garantia de aplicação da lei). 
Quando desvios são constatados, o controle social é acionado para exercer sua segunda função, que se refere à punição por meio do emprego de variadas formas de interdição (o caso extremo é a detenção ou, em algumas sociedades, até mesmo a pena de morte). 
A terceira função do controle social - em relação ao desvio criminal - refere-se ao isolamento e exclusão permanente do desviante da sociedade. Em certos casos, é possível, no entanto, restabelecer no desviante a conformação às normas através da ressocialização. 

*Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais. É autor do livro Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985.

ATIVIDADE de pesquisa_ Indique e justifique TRÊS formas de controle da SOCIEDADE CIVIL frente aos poderes instituídos.

terça-feira, 6 de março de 2012

Texto IV_ de 22/03 até 29/03

A partir do filme "O dinheiro com Dívida" (dividido em 5 partes), postado por meio deste link  http://diegomonsalvo.blogspot.com/2011/12/origem-do-dinheiro-como-riqueza.html#links descreva como ocorre a valorização do dinheiro hoje, seu domínio político e, por que, segundo o autor, é uma 'riqueza fictícia'?!

Texto III_ de 12/03 até 19/03

Poder de regulação da sociedade é limitado
Renato Cancian*_Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O conceito de controle social tem origem na sociologia americana da segunda década do século 20. Controle social pode ser concebido como um conjunto heterogêneo de recursos materiais e simbólicosdisponíveis em uma sociedade para assegurar que os indivíduos se comportem de maneira previsível e de acordo com as regras e preceitos vigentes. 
É possível identificar uma similaridade entre o conceito de controle social e alguns atributos do conceito de dominação, elaborado pelo cientista social alemão Max Weber. 
Para entender melhor o conceito de controle social, basta pensar no quanto os recursos materiais, disponíveis na vida social, estão associados com os mecanismos institucionais, sobretudo as leis, que sancionam a conduta do indivíduo em sociedade e punem o desvio. E, também, no quanto os recursos simbólicos estão associados à esfera da cultura, que integra diversos mecanismos de socialização e aprendizagem que, quando bem-sucedidos, oferecem condições para as pessoas se comportarem de acordo com os valores coletivos, morais e éticos, prevalecentes na sociedade. 
A partir desses pressupostos conceituais, a sociologia americana desenvolveu os primeiros estudos tendo como objeto de pesquisa os fenômenos da criminalidade em geral e da delinqüência juvenil (que são considerados desvios), bem como o fenômeno da assimilação de valores culturais pelos imigrantes e pelas minorias étnicas. 

O fenômeno da interdependência social

A partir da década de 1940, porém, a sociologia americana agregou ao conceito de controle social elementos associados com o fenômeno da interdependência social. 
A interdependência social pode ser entendida como uma série de vínculos de reciprocidade firmados entre os indivíduos que integram a sociedade. A natureza desses vínculos envolve princípios subjetivamente apreendidos pelos indivíduos, que agem em conformidade com as regras de conduta, reconhecendo-as como vantajosas para o desenvolvimento individual e social. 
Desse modo, o controle social deixou de ser redutível a estímulos externos associados com a violência física (com base na aplicação das leis sancionadas) e com a coerção moral. Para ser eficaz e duradouro, portanto, o controle social exercido sobre os indivíduos que integram uma coletividade não pode ser apenas externo. 
O fenômeno da interdependência social aponta para existência de relações sociais "recíprocas", firmadas com base na percepção objetiva que os indivíduos têm de integrarem um mesmo sistema social e se reconhecerem como dependentes entre si.
O fenômeno da interdependência social tem similaridade com alguns modelos sociológicos elaborados pelo cientista social francês Émile Durkheim. 
Sob esse aspecto, o conceito durkeimiano de "solidariedade social" tem muitos elementos em comum com o fenômeno da interdependência social. As relações de mercado, por exemplo - ou seja, as relações de troca que são a base de um sistema econômico -, certamente representaram o objeto de investigação sociológica mais importante para a identificação do fenômeno da interdependência social. 

Coesão social e desvio

A partir das considerações precedentes, fica demonstrado que o controle social desempenha um importante papel na sociedade ao assegurar a coesão social. 
Evidentemente, por razões as mais variadas, podem ocorrer crises que afetem o completo e contínuo desempenho do controle social. Quando o comportamento desviante aumenta ou se torna preponderante é sinal de que alguns dos elementos constitutivos do controle social não estão funcionando de acordo com o esperado. 
Não obstante, a sociologia contemporânea tem fornecido inúmeras indicações de que o controle social, embora seja permanente e necessariamente contínuo, nunca é total. Em outras palavras, o controle social é sempre limitado, porque uma sociedade não dispõe de mecanismos de controle capazes de atuar com a mesma intensidade - e nem mesmo capazes de abarcar todos os domínios da vida social.
Nenhuma comunidade dispõe de sanções sociais que assegurem a não-violação da totalidade das normas de conduta. Alguns domínios da vida social são, porém, mais críticos e sensíveis ao desvio, como, por exemplo, o da segurança social. Nesse caso, o controle social cumpre, primeiramente, a função de desestimular os comportamentos desviantes (existência das normas e garantia de aplicação da lei). 
Quando desvios são constatados, o controle social é acionado para exercer sua segunda função, que se refere à punição por meio do emprego de variadas formas de interdição (o caso extremo é a detenção ou, em algumas sociedades, até mesmo a pena de morte). 
A terceira função do controle social - em relação ao desvio criminal - refere-se ao isolamento e exclusão permanente do desviante da sociedade. Em certos casos, é possível, no entanto, restabelecer no desviante a conformação às normas através da ressocialização. 

*Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais. É autor do livro Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985.
A partir da leitura do texto do professor CANCIAN:
1. discorra sobre as teses principais do mesmo;
2. como Weber enxerga o controle social;
3. explique e opine sobre a seguinte afirmação: "Não há coesão social sem controle.";
4. como podem ser vistos, segundo o autor, os desvios sociais.

Texto II_ de 05/02 até 12/02

A divisão do trabalho social*


Émile Durkheim (1858-1917) integra o grupo de cientistas sociais considerados fundadores da sociologia. Em 1893 ele publicou sua tese de doutoramento, intitulada De la Division du Travail Social, estudo em que aborda a interação social entre os indivíduos que integram uma coletividade maior: a sociedade.
Trata-se de um tema central no pensamento sociológico de Durkheim, cujo principal interesse é desvelar os fatores que possibilitam a coesão (unidade, estabilidade) e a permanência (ou continuidade) das relações sociais ao longo do tempo e de gerações. Dentro da perspectiva sociológica durkheimiana, a existência de uma sociedade só é possível a partir de um determinado grau de consenso entre seus membros constituintes: os indivíduos. Segundo Durkheim, esse consenso se assenta em diferentes tipos de solidariedade social. 

Solidariedade mecânica


Em De la Division du Travail Social, Durkheim esclarece que a existência de uma sociedade, bem como a própria coesão social, está baseada num grau de consenso entre os indivíduos e que ele designa de solidariedade. De acordo com o autor, há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.
A solidariedade mecânica prevalece naquelas sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo, essa correspondência de valores assegura a coesão social. 

Solidariedade orgânica


De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada. 
A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim emprega alguns conceitos das ciências naturais, em particular da biologia (muito em uso na época em que ele começou seus estudos sociológicos) com objetivo de fazer uma comparação entre a diferenciação crescente sobre a qual se assenta a solidariedade orgânica. 
Durkheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de interdependência entre os indivíduos.
Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o direito. 

A consciência coletiva e fatos sociais


Na perspectiva sociológica de Émile Durkheim, a existência de uma sociedade e a coesão social que assegura sua continuidade só se torna possível quando os indivíduos se adaptam ao processo de socialização, ou seja, quando são capazes de assimilar valores, hábitos e costumes que definem a maneira de ser e de agir característicos do grupo social a qual pertencem.
A consciência coletiva constitui o "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, formando um sistema determinado com vida própria". A consciência coletiva é capaz de coagir ou constranger os indivíduos a se comportarem de acordo com as regras de conduta prevalecentes.
A consciência coletiva habita as mentes individuais e serve para orientar a conduta de cada um de nós. Mas a consciência coletiva está acima dos indivíduos e é externa a eles. Com base neste pressuposto teórico, Durkheim chama atenção para o fato de que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade e não o contrário. 

Fatos sociais


Em 1895, Durkheim publica o estudo denominado "As Regras do Método Sociológico", onde define o objeto por excelência da sociologia: os fatos sociais. Fato social é tudo o que é coletivo, exterior ao indivíduo e coercitivo. 
Durkheim demonstra que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Ele atribui três características que caracterizam os fatos sociais:

  Primeira: coercitividade, que pode ser entendido como a força que exercem sobre os indivíduos obrigando-os através do constrangimento a se conformarem com as regras, normas e valores sociais vigentes;

  Segunda: exterioridade, que pode ser entendida como a existência de um fenômeno social que atua sobre os indivíduos, mas independe das vontades individuais;

  Terceira: generalidade, que pode ser entendida como a manifestação de um fenômeno que permeia toda a sociedade. 

O suicídio, por exemplo, a primeira vista pode ser encarado como um fenômeno individual, mas a constatação da sua regularidade ao longo do tempo (de acordo com os dados estatísticos) fez com que Durkheim o concebesse como um fenômeno social, mas propriamente um fato social, que é explicado pelo autor como uma crise moral da sociedade. 

*Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais. É autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985".


A partir do texto sobre Durkheim:
1. explique os diversos níveis de solidariedade social;
2. explique o que entende por socialização e sua necessidade vital;
3. explique o que são FATOS SOCIAIS e sua importância.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

** Texto I **

O que é política?

Em nosso cotidiano, o termo política assume diversos significados. Falamos em política econômica governamental, política educacional do município, política interna da empresa, política exterior nacional, política sindical. Além disso, geralmente associamos essa palavra às armações e aos escândalos que envolvem a prática política em geral.
Nos dicionários, o verbete política inclui definições como as que seguem:

• arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa); ciência política;

• arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores;

• conjunto de opiniões e/ou simpatias de uma pessoa com relação à arte ou ciência política, a uma doutrina ou ação política;

• habilidade no relacionar-se com os outros tendo em vista a obtenção de resultados desejados.

(Dicionário Houaiss da língua portuguesa)

Diante da amplitude do conceito, surge a seguinte dúvida: o que seria política para os estudiosos da sociedade? Ou ainda: podemos falar na existência de uma ciência política?
Num sentido amplo, podemos entender política como a organização de pessoas para atingir um determinado objetivo. Num sentido mais estrito, Max Weber escreveu, em A política como vocação: Entenderemos por política apenas a direção do agrupamento político hoje denominado ‘Estado’ ou a influência que se exerce em tal sentido”. O sociólogo analisa a política nos nossos tempos, preocupando- se com o que acontece no plano do Estado e, fora dele, com as articulações das pessoas para influenciar as ações do Estado.
Para entender melhor esse conceito, vejamos o que escreveu o politicólogo italiano Norberto Bobbio:

Derivado do adjetivo originado de pólis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social, o termo política se expandiu graças à influência da grande obra de Aristóteles, intitulada Política, que deve ser considerada como o primeiro tratado sobre a natureza, as funções e a divisão do Estado, e sobre as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do Governo, isto é, de reflexão (…) sobre as coisas da cidade. (…) Na época moderna, o termo perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como “ciência do Estado”, “doutrina do Estado”, “ciência política”, “filosofia política”, etc., passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou o conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.

Assim, aceita-se generalizadamente como fim último da política a conquista do poder do Estado, entendendo-se poder como o monopólio do exercício do direito e da força. Tiveram poder político o senhor do feudo e o monarca absoluto; hoje esse poder é exercido, por exemplo, pelo Parlamento nacional, que elabora leis e impõe normas de conduta aos indivíduos de uma sociedade.
Mas, para alguns, não se deve definir a política pelos seus fins. Isso porque esses podem variar de acordo com os interesses de grupos ou classes em dado momento histórico. Em tempos de lutas sociais e civis, por exemplo, o fim da atividade política provavelmente será o restabelecimento da unidade do Estado, da paz e da ordem pública. Já em tempos de paz interna e externa, essa atividade estará voltada para a garantia do bem-estar e da prosperidade.
Da mesma forma, tempos de opressão da população por um governo despótico serão marcados pela luta por direitos civis e políticos; e tempos de domínio por uma potência estrangeira, pela luta pela independência nacional.
Toda essa complexidade levou Karl Mannheim (1893 – 1947), sociólogo alemão de linha weberiana, a questionar a existência de uma ciência política, inviável em face das dificuldades metodológicas resultantes da interação quase aleatória de forças e fatores em jogo. Como formular leis gerais para a análise científica das atividades políticas se as regras do jogo mudam constantemente? Além disso, Mannheim ressalta que, no caso da análise política, o investigador é sempre um dos elementos a ser investigado, pois sua análise certamente estará contaminada por suas visões politicamente interessadas.


* Apostila ANGLO de SOCIOLOGIA, sua cópia e/ou reprodução é vetada..


A partir do exposto, responda o que é política e aponte as diferenças fundamentais entre ‘a coisa’ (lat. res) PÚBLICA e a ‘coisa’ (lat. res) PRIVADA.