segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

** Texto I **

O que é política?

Em nosso cotidiano, o termo política assume diversos significados. Falamos em política econômica governamental, política educacional do município, política interna da empresa, política exterior nacional, política sindical. Além disso, geralmente associamos essa palavra às armações e aos escândalos que envolvem a prática política em geral.
Nos dicionários, o verbete política inclui definições como as que seguem:

• arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa); ciência política;

• arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores;

• conjunto de opiniões e/ou simpatias de uma pessoa com relação à arte ou ciência política, a uma doutrina ou ação política;

• habilidade no relacionar-se com os outros tendo em vista a obtenção de resultados desejados.

(Dicionário Houaiss da língua portuguesa)

Diante da amplitude do conceito, surge a seguinte dúvida: o que seria política para os estudiosos da sociedade? Ou ainda: podemos falar na existência de uma ciência política?
Num sentido amplo, podemos entender política como a organização de pessoas para atingir um determinado objetivo. Num sentido mais estrito, Max Weber escreveu, em A política como vocação: Entenderemos por política apenas a direção do agrupamento político hoje denominado ‘Estado’ ou a influência que se exerce em tal sentido”. O sociólogo analisa a política nos nossos tempos, preocupando- se com o que acontece no plano do Estado e, fora dele, com as articulações das pessoas para influenciar as ações do Estado.
Para entender melhor esse conceito, vejamos o que escreveu o politicólogo italiano Norberto Bobbio:

Derivado do adjetivo originado de pólis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social, o termo política se expandiu graças à influência da grande obra de Aristóteles, intitulada Política, que deve ser considerada como o primeiro tratado sobre a natureza, as funções e a divisão do Estado, e sobre as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do Governo, isto é, de reflexão (…) sobre as coisas da cidade. (…) Na época moderna, o termo perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como “ciência do Estado”, “doutrina do Estado”, “ciência política”, “filosofia política”, etc., passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou o conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.

Assim, aceita-se generalizadamente como fim último da política a conquista do poder do Estado, entendendo-se poder como o monopólio do exercício do direito e da força. Tiveram poder político o senhor do feudo e o monarca absoluto; hoje esse poder é exercido, por exemplo, pelo Parlamento nacional, que elabora leis e impõe normas de conduta aos indivíduos de uma sociedade.
Mas, para alguns, não se deve definir a política pelos seus fins. Isso porque esses podem variar de acordo com os interesses de grupos ou classes em dado momento histórico. Em tempos de lutas sociais e civis, por exemplo, o fim da atividade política provavelmente será o restabelecimento da unidade do Estado, da paz e da ordem pública. Já em tempos de paz interna e externa, essa atividade estará voltada para a garantia do bem-estar e da prosperidade.
Da mesma forma, tempos de opressão da população por um governo despótico serão marcados pela luta por direitos civis e políticos; e tempos de domínio por uma potência estrangeira, pela luta pela independência nacional.
Toda essa complexidade levou Karl Mannheim (1893 – 1947), sociólogo alemão de linha weberiana, a questionar a existência de uma ciência política, inviável em face das dificuldades metodológicas resultantes da interação quase aleatória de forças e fatores em jogo. Como formular leis gerais para a análise científica das atividades políticas se as regras do jogo mudam constantemente? Além disso, Mannheim ressalta que, no caso da análise política, o investigador é sempre um dos elementos a ser investigado, pois sua análise certamente estará contaminada por suas visões politicamente interessadas.


* Apostila ANGLO de SOCIOLOGIA, sua cópia e/ou reprodução é vetada..


A partir do exposto, responda o que é política e aponte as diferenças fundamentais entre ‘a coisa’ (lat. res) PÚBLICA e a ‘coisa’ (lat. res) PRIVADA.